terça-feira, 12 de janeiro de 2016

DEU 30

Lá se foi minha juventude... Eu tinha tanto pra fazer ainda. Sei lá, cumprir certos protocolos do que toda juventude faz um dia. Mas péra, do que é que eu tô falando? Bom, isso é pauta pra capa de revista, é assunto pra psicanálise, vira debate existencial no Programa da Fátima - Televisão? WTF! Hoje em dia vira tag pra youtubers. Ou nem isso mais!) - é até tema de música! - Obrigado Sandy, você me representa! (rs) - Chegar nos 30 é como receber um atestado de: "É fi, agora fudeu!" É olhar pra trás e ter mais recordações do que só as fotos com os colegas do ensino médio. É perceber que aquele filme que você e mais uns amigos se reuniram pra ver numa sexta a noite qualquer, já tem mais de 20 anos que foi lançado! PQP! E você alugou, pasme, numa locadora de filmes!!

Seus amigos já casaram ou estão casando e não porque aconteceu uma gravidez inesperada (pelo menos não em sua maioria - rs). Eles realmente querem isso. Quer dizer... Enfim. Parece que foi outro dia, me lembro perfeitamente. Subindo a pracinha, alí na rua da farmácia, no São Pedro... Meu primo e um amigo se gabando na vida porque eles tinham 15 e eu 12. Eles falavam: "Você vai ver só quando fizer 15!" E eu no alto da minha pura inocência, pensava: "Nooooh! Vai ser demais!" E parece que o intervalo de tempo entre esse dia e hoje foi só "ontem". Que diabos eu estava fazendo na vida? Daí uma rápida passada de olhos nas suas redes sociais - Descanse em paz, Orkut. <3 - e já começa a se dar conta do tamanho do problema. Isto é, se você sempre foi um sujeito 'experto' e ligado no que rola e já tinha Facebook e Cia ltda muito ANTES de todo mundo ir pra lá e virar modinha. Hunpft! Sou desses.

Cara, eu vi a internet nascer! Ou como uma frase que vi dia desses: "Quando eu cheguei na internet era tudo mato!" Isso vai ser muito em breve, mais ou menos, como ouvir a história dos meus avós, pais e tios contando como era ver TV antigamente, que todos se reuniam na casa de um vizinho pra assistir porque geralmente só uma pessoa na rua tinha e blábláblá. Como assim Brasil? Como assim? Eu provavelmente fui um dos últimos i̶d̶i̶o̶t̶a̶s̶  a comprar uma caixinha com 10 disquetes pra poder salvar meus arquivos, relíquia que guardo com muito carinho junto ao meu Motorola V3. E não ri não porque daqui a pouco é você que vai ficar pra trás também com o seu pendrive, ô bocoió! Eu já tenho idade pra ser o tio da Sukita. Isso é muito dramático. A playlist de flashback do spotify é tão atual. Não sei o que acontece. Eles devem ter errado, certeza! In the end , aquela do Linkin Park, que você pulava animadão num baile qualquer da vida foi lançada em 2002! E isso tem... - Sou de humanas, sem contas, por favor! - Acorda! Aquela onda do momento já se foi faz algum tempo. E você já viu passar algumas. Já imaginou com quantos anos o "Jhonatan da nova geração" pode estar hoje? Vamos evitar pensar nisso.

Você já viu partir algumas gerações dos seus animais de estimação e o último você, muito  provavelmente, teve que enterrar ou "dar fim" e não "alguém mais velho". Na sua idade, seus pais já tinham você. E você é o que na vida hoje? Pensa que é fácil fazer 30 e ainda ter planos e sonhos  ̶a̶d̶o̶l̶e̶s̶c̶e̶n̶t̶e̶s̶? Bom, por sorte, além disso, ainda tenho cabelo também, o que na minha idade já pode se considerar uma grande vitória, tendo pai calvo.

Os anos corridos me arrebatam de nostalgia e saudade. Saudade de um cheiro de um lugar que não sei de onde, de uma tarde na horta da minha avó, de um corre na rua pra vencer o pique bandeira, do entrar na sala no primeiro dia de aula na faculdade, do suor frio e perna bamba no primeiro beijo, de domingo, às 12:30h, vendo TV, do imenso frio na barriga quando tinha reunião dos pais na escola, de quando eu acreditava que, quando crescesse, podia ser um power ranger - ou o Batman - e salvar o mundo, de sentar na Rua Irineu Bianchetti e ver a tarde passar, de marcar o primeiro sarau na estação, de ficar atento no calendário pra que todo dia 10 estivesse com o cabelo devidamente cortado (estudava no Tiradentes, colégio militar.), de esconder na casa do vizinho pra que o namorado ciumento da amiga não me encontrasse lá, das aulas de desenho do professor Wagner, em Petrópolis, de voltar às 6h da manhã daquele carnaval em 2002, saudade da dormideira, plantinha que a gente batia o dedo e ela fechava, eu achava isso mágico,... (suspiro) Vou parar, ou não paro! ..rsrs

O grande barato de completar tantos ciclos é a apropriação, propriedade e empoderamento que se conquista. A gente finca o pé na terra. A gente encontra o rumo, o trilho. Muitos dos planos e sonhos que tive não se concluíram. No meio do trajeto fui transformado pelo percurso e a travessia tornou-se um sonho que fugia de qualquer maravilha que pudesse, outrora, ter imaginado! Dá medo. Mas dá vontade também de embarcar na próxima aventura e dá sede de encarar o destino de peito, de frente, aberto, repleto e pleno! Eu tenho sorte. Eu tenho dores. Eu tenho flores a colher pelo caminho. E nessa jornada não sigo sozinho, carrego os meus. E agradeço por tudo que me foi contemplado até aqui. Simbora lá laiá seguir! Há muito o que vir. Há muito.