sexta-feira, 25 de outubro de 2013

SEREIA

Me acostumei ao que não tenho.
Imaginei coisas que não vivi...
Me resta vontade de enviar aquela prosa,
o papo de vento que voa,
o suspiro que invade e ressoa.

Me aprofundei ao que era raso.
Deduzi respostas que não tive...
Me sobra vontade de gritar-te no meio do corredor,
todo o verbo na minha oração,
a palavra resumo à condição.

Eu pude de vários meios ser o tentar
e assim o fiz na querência, no flamejar.
Mas onda que só vai, não garante o fluxo,
não beija a areia, não brisa o ar.
E não me resta outra alternativa
senão ser a doce tentativa
de ser o seu mar.
Mesmo que navegue a ermo,
mesmo que morra na praia.

Fixa um cais, casa minha onda.




domingo, 20 de outubro de 2013

TUDO E TODO O RESTO

O que anda perdendo
enquanto os passos tomam posse
dos segundos lançados.

O que anda sentindo
enquanto não vê a banda passar
iluminando corações.

O que anda imaginando
enquanto flores e espinhos
desabrocham na primavera.

Tudo e todo o resto
passa, enquanto passa.
Tudo e todo o resto
vive, enquanto morre.
Tudo e todo resto.




segunda-feira, 14 de outubro de 2013

TODAVIA, SE POSSÍVEL

Da banalidade do tempo,
só se fala em não se falar.
Só se sabe do que se precisa.
O puro latente desejo da carne.

A esquina que rouba o suor do ofício,
a prática de vida vazia e vício...
Clamam-se flores e amores de outrora
mas agora, não há tempo querida.

O asfalto guarda solo do verso,
a rotina automatiza as relações,
o mundo torto ficou reto
e poesia precisa abrir campo pra concreto.
O sentimento virou cimento
e o amor virou pó! Raro pó.
Todavia, se possível,
deixe um rastro de alegria
pra que o mundo tenha combustível
e faça sentido.



segunda-feira, 7 de outubro de 2013

É ISSO

Eu fico que não sei...
Meio no meio.
Como que de repente,
despenca um ser na minha mente.
Fixa morada, faz os meus dias.
Desconstrói, amassa, corrói.
Com meus pensamentos em posse,
desatina meu tino.
Aflora minha'alma.
E o que é não sei.
E porque é também desconheço.
Só sei que acalma e traz paz,
e provoca um aiai de meu Deus,
um trovão de Zeus,
uma porção de sentidos
por gota ou escala, vêm!
Só por vir, vêm!
Delicado e forte,
intenso e suave.
No mais,
é isso.




'Sdois'