sábado, 7 de janeiro de 2012

COMO TEM SIDO


Em poucos dias completo mais um inverno. O tom melancólico aparente, não trata do envelhecimento. Trata da perda!  Trata daquilo que não posso mais tocar ou ver. Um simples abraço seu iluminava todo o breu, preenchia todo o vazio existente, sua alquimia deixava qualquer ausência de fome contente, bastava um pouco mais que dedicação, bastava um tanto ideal de coração... E pronto, sua presença me confortava, seu olhar me acalmava, me sentia seguro então. Enquanto relato, gosto de fechar os olhos, lembrando de todas as suas cores. E de repente os faço abrir-se, pra constatar se tudo é somente fantasia, e de fato é. De olhos abertos, suas cores agora se parecem um tanto gris, e só me resta a imensidão logo acima. Olho para o céu na esperança de poder talvez, sentir que de alguma forma está ali. Se alguém percebe, logo faço de conta que só admirava as estrelas. Às vezes, quando de noite acordo, confesso, gosto de fantasiar que tudo não passou de uma experiência noturna da minha imaginação, um sonho. Porém, sonho aqui não cabe. Quem sonharia com perder? Quem sonharia com o sofrer? Costuma-se dizer, que o tempo é o único remédio para amenizar a dor. Mas quanto tempo leva isso? Só sei que pra mim ainda não passou... Meu olhar cego não me deixou perceber o quão acolhedora era. Meus ouvidos surdos não me deixaram ouvir o que prudentemente me dizia. Todo o tempo que lhe dediquei, hoje parece insignificante diante do que já não tenho mais. Você era algo certo e permanente. Claro que ainda estaria ali para quando precisar, para quando então tivesse tempo de me dedicar, e de saber, e de ouvir, e de olhar, ou de só estar ao lado para te acompanhar em mais um capítulo da novela das seis. Mas todas as incertezas lá fora, não podiam ficar para depois. Elas precisavam ser naquela hora, ou podiam me escapar, me escorrer entre os dedos. Imagina, se vou deixar passar todo o maravilhoso e vasto mundo. No entanto, ainda nem tenho o mundo, nem sei se ainda dá tempo de ter, e ele nem me deu tudo o que me prometeu. Na sede de não perder o que a vida tinha a me oferecer, não percebi que você era uma dessas coisas incluídas no pacote. Ainda não descobri nem metade das respostas, ainda nem vivi tudo o que eu imaginava que poderia perder. Só não tinha imaginado ficar sem você. Agora, preciso aceitar que hoje você é somente uma lembrança, um caso que conto enquanto sinto uma gota escorrer, uma dia que lembro, um segundo de inquietação, que parece ter a força de fazer mudar todas as regras da ciência e da religião, pra simplesmente satisfazer e realizar um desejo egoísta, o de te trazer de volta. Mas o mesmo segundo que chega, passa. E então toco os pés no chão, e tudo volta ao que era. Quem dera fosse diferente, quem dera não estivesse ausente. Mais um inverno completo, mais olhar disperso, mais um aperto na alma, mais uma lágrima no chão.


"Antes que o dia tenha fim, aceite o céu também. Viva para todo o sempre! Amém."




2 comentários:

  1. ...e lá se vão alguns galões de lágrimas por aqui também... bjos primo
    Rafaela

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